sexta-feira, 2 de agosto de 2013

.the perfect drug

ela tem medo de tudo ser novamente a maldita carência. tanto dela, quanto dele. e tudo por culpa das merdas recentes.

mas é tudo tão bom. um refúgio. 




terça-feira, 30 de julho de 2013

. gozo mental esquizofrênico

ela o achava estranho, esquisito, bizarro. desde o primeiro dia em que viu num bar alemão decadente, ali mesmo, no seu bairro, na rua de baixo de sua casa (ou seria na rua de cima?). na época, simone ainda namorava. tinha sido invadida pelo pensamento tradicional equilibrado conservador e um tanto quanto moralista de construir uma vida juntos. de que você só pode se completar se dividir para, então, construir, e mais um tanto de bobagem que essa sociedade tradicional conservadora ultra equilibrada faz com que você acredite. e ela tentava - a todo custo, com uma ênfase GIGANTE - fazer com que aquela certa pessoa (desculpe Efraim Medina Reys, foi roubado do seu livro, eu sei, mas ela amou muito aquela certa pessoa, viu? e muito!) compartilhasse daquilo e quisesse o mesmo. e naquele dia, o cara estranho, vamos chamá-lo assim, estava ali, na frente dela, com um sorriso meio malicioso, um tanto quanto perturbador. e simone só conseguia achá-lo um simples cara estranho, esquisito, bizarro.

(aí veio um monte de meses, com um tanto de acontecimento regado sempre a muita cerveja e lágrimas, um término de namoro sem muitas emoções. uma ressaca emocional gigante e mais um livro feminista.)

depois disso tudo, estava ela ali nua deitada em sua cama tendo um gozo mental esquizofrênico com aquele cara estranho, esquisito, bizarro, que naquele momento era só mais um ser humano carente e perdido nesse mundo sem nexo e pouco equilibrado.

para ela dividir o mesmo espaço com aquele cara estranho, esquisito, bizarro que naquela altura já não tinha mais nenhum desses adjetivos, foi preciso mais um bar decadente, várias cervejas, um pouco de maconha e um beijo meio agressivo, frenético, impulsivo, agitado, ansioso num desses inferninhos "mudernos". o beijo partiu dele. o convite pra sua casa no after também. mas como ela tava cagando se estava depilada, se era o último dia da sua menstruação ou o que o mundo ia pensar dela, ela nem pestanejou em entrar no taxi.

aí, ele contou sobre o seu namoro, um relacionamento nada convencional pra essa sociedade tradicional, conservadora, equilibrada, passional. ela ficou com raiva. não pelo relacionamento, mas por ele só ter contado ali, naquele momento. mais uma vez, um foda-se. sexo e amor não tem nada a ver na cabeça libertária dela mesmo.

e depois de uns dias, eles se encontraram de novo. e foi aí que dividiram o mesmo quarto, a mesma cama, os mesmos pensamentos sem nexo, e sem sexo.

ela passava por um momento de mudanças. estava sozinha e parecia conviver muito bem com isso, aquela ideia de construir uma vida junto já não fazia mais parte dos seus planos, ao menos nesse momento. tinha jogado coisas fora, arrumado o apartamento, trocado de emprego, invertido prioridades, estranhamente mais calma, e sem dar a mínima prum monte de coisas que antes transformariam sua vida em um dramalhão mexicano.

ele passava por um momento de encerramento de ciclo e parecia preocupado demais, ansioso demais, agitado demais e carente demais. seu beijo agressivo era resultado de todas consequências que vêm quando você fecha uma etapa e parece não querer aceitar o fim.

ele contou pra ela sobre sua obstinação, sobre sua vontade de se auto afirmar a todo custo, sobre seu namoro estranho que já dava sinais de desgaste, sobre como ser incompreendido, sobre como pensar diferente dessa sociedade hipócrita, sobre fazer as coisas pra si mesmo, sobre sua depressão, seu transtorno bipolar,.

ela ouviu, ouviu, ouviu. e contou pra ele sobre como já tinha passado por aquilo tudo. e como passar por aquilo tudo doía, apavorava, mas fazia a gente seguir firme e intacto. e sobre como a vida era assim mesmo e se não fosse assim não tinha graça. ela contou sobre como era preciso abandonar, largar as coisas, aceitar o fim, pra depois começar tudo de novo e sofrer de novo.

falaram sobre foucalt, de freud, de feminismo, de opressão, de ser diferente, sobre ter vários amores, de buscar uma alternativa pra essa sociedade estranha, esquisita, equilibrada e convencional. eles não fizeram sexo,  não rolou orgasmo. só uma relação super penetrante e conceitual que levou a um gozo mental esquizofrênico. e que até hoje eles não entenderam muito bem o que isso é.






segunda-feira, 29 de julho de 2013

.é sempre um recomeço

a simone (re) apareceu. sim, porque ela se perdeu por aí. perder sempre foi uma constante na vida de simone, que nunca soube muito bem como andar por aí.

simone se perde na cidade com tanta facilidade. entrar no ônibus errado, então, já virou rotina. mas ela não dá a mínima.

simone se perde nos malditos alt + tabs do trabalho diário, maldito seja o déficit de atenção.

simone fala muito e às vezes perde o fio da meada e nem se lembra o que tava falando mesmo.

simone perde as coisas, mas isso não é de todo ruim, assim fica mais fácil de desapegar. nada é pra sempre mesmo.

simone se perde em seus pensamentos. simone se perde em seus desejos. simone se perde em suas experiências.

se perder talvez seja pra ela o que os tolos - que buscam a vida perfeita - chamam de equilíbrio.

se perder significa que simone teve que ir dar uma volta por aí, meio sem rumo, meio sem norte, sem direção, para tentar viver, pra voltar a sentir de novo. pra depois disso tudo pegar o caminho de volta e descobrir que ele já não é mais o mesmo, que as pessoas mudaram, foram seguir seus caminhos, que nem ela já não é mais a mesma. e descobrir que se perdeu de novo. se perdeu, mas se encontrou com uma parte de si que havia ficado quando ela decidiu sumir.

simone descobriu que não precisa mais de alguém do seu lado. ao menos momentaneamente.

simone acaba de ser perder ao escrever esse texto.