quarta-feira, 22 de setembro de 2010

. receita médica

- Buscopam e codeína de 6h em 6h quando houver dor e mais um conselho amigo: 'pare de beber, porque você está estragando sua saúde'.
- Ok!

terça-feira, 21 de setembro de 2010

. é o queira não queira

João tentava lutar a todo custo com sua consciência, contra tudo aquilo que pensava sobre Simone. Em vão.

- "Não, eu não vou pegar a Simone. Mesmo ela tendo o melhor sorriso e o olhar mais provocador e, ao mesmo tempo, apaziguador. Mesmo eu tendo esquecido o quanto sua voz é chata. Mesmo eu tendo me apaixonado no instante de um sorriso".

Nem mesmo Simone sabia que era isso tudo pra ele.

- Desculpe, João. Mas é amizade.

. há sempre um lado que pesa e outro lado que flutua

- O que aconteceu?
- Perdeu a graça ficar com você agora que estou sozinha

.quando eu te mostrar a minha dor, então responda

Simone tem algo preso dentro de si que nem ela mesma sabe o que é ou como colocar pra fora. Ela só sabe que dá um aperto gigante e que faz com que se sinta enclausurada. É algo como ficar presa dentro de um elevador sozinha. Tentou chorar, mas não consegue. Tentou gritar, mas não pode. Gritar pra que? Desabafar com quem? Se nem ela mesma entende o que está acontecendo consigo. Correr pra onde? Já que nem ânimo existe mais.

É, talvez seja o momento de dar um tempo, um suspiro antes de respirar de novo.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

cherchez la femme

- Desde quando você acredita na expressão "cherchez la femme"?
- Desde sempre, uai. O que significa isso pra você?
- No cliché: Por trás de todo grande homem, existe uma mulher. Ou para os japoneses, a mulher é a cabeça de todo homem.
- Na mosca! Eu faço canções de amor, então acredito nas mulheres.
- Mas você não era o machista, que não acredita em independência feminina?
- O que você pensa de mim?
- Sei lá.

(...)

- O que VOCÊ pensa de mim?
- Você quer se apaixonar, mas tem medo de pular. Tem medo da vida e gosta de bancar a durona!

O silêncio invadiu a conversa de Simone e do estudante de Direito, que ela considerava o cara mais machista do planeta. Simone sentiu raiva naquele momento. Ninguém havia compreendido Simone tão bem como ele. Sentiu-se fraca, talvez tivesse se exposto demais naquele e-mail que havia enviado pra ele semanas atrás.

- Ui! Acho que nunca ninguém me descreveu de uma forma tão exata igual a você. Nem mesmo, minha psicóloga.

Simone respirou fundo, estava se sentindo mal. Não gostava que as pessoas descobrissem seus medos, ainda mais um 'quase' desconhecido. Tudo bem, haviam ficado algumas vezes, mas aquilo nunca representou nada pra ela e, talvez, ainda menos pra ele.

- Fiquei com raiva. Muita raiva!
- De que? Não é todo mundo que tem um coração.
- Ah, então eu tenho um coração? Que merda! Eu preferia, de verdade, não sofrer. Que essa imagem de 'durona' não fosse só uma máscara que eu me escondo pra não revelar minha fraqueza ao resto do mundo...

Simone tenta se esquivar do olhar do rapaz, que insiste em procurá-la, em fazer com que ela o perceba. Simone chora e, em meio a soluços, diz:

- Você diz isso, porque todas as pessoas do mundo são assim. Escondem sua fraqueza, são covardes e, simplesmente, tem medo de pular, sob o risco do outro não pular junto.
- Calma, o mundo também não me agrada.
- É?
- Sim, eu sou meio louco. Não sei se vou conseguir viver nessa, não. Mas virar hippie também não é a solução...
- Poxa, quando você ficou tão sensível assim?
- Eu sempre fui, mas às vezes, sou escroto pra suportar viver nesse mundo, sabe?!
- É mais um fraco, assim como eu também. Acho que, por isso, você me lê tão bem assim...
- Não sei, talvez...

Detalhe: O afeto entre os dois começou a partir daquele momento. A porra do afeto...

. na porta do colégio

- Sai pra lá!!! Você está louco? Meu pai vai chegar e me matar!

E o jovem sentado do lado da menina tentava a todo custo beijá-la.

domingo, 19 de setembro de 2010

. o quereres

Elisa ama Pedro. Pedro tem medo de se entregar a Elisa. Por causa dos sentimentos dela e da covardia dele, ficaram alguns meses sem se falar. Até mesmo as longas conversas que costumavam ter diaramente acabaram.

Outro dia, se encontraram casualmente. O desejo fazia com que Elisa pensasse a cada segundo nele e a ausência dela na vida de Pedro incomodava mais que a presença. E, assim, porque pensavam um no outro, se esbarraram naquelas mesmas ruas que costumavam andar quando tudo ainda era bom.

Pedro estava alguns quilos mais magro, algo que assustou um pouco Elisa. Elisa continuava a mesma, talvez, um pouco triste por não se falarem mais.

Os dois conversaram como se nada tivesse mudado, como se aquele tempo que ficaram afastados fosse um intervalo curto.

Elisa abraçou Pedro. Pedro, sempre delicado disse à Elisa:

- Agora, suas mãos já se encontram quando você me abraça. Melhor ou pior assim?
- Nada mudou, Pedro.
- Hein?
- Tudo continua do mesmo jeito.

Detalhe: Depois que se despediram, Pedro voltou à sua vida conformista e Elisa foi se encontrar com Simone.