sexta-feira, 11 de outubro de 2013

.o fingidor



          Hoje eu queria te chamar pra sair, queria te convidar pra você me pagar aquela cerveja que você me prometeu e disse que eu poderia "cobrá-la" e, sim, a parte da comida ia ser por minha conta. Simples assim. Mesmo com o risco de receber o não. Mas aí eu me irritei com você, porque machismo é algo insuportável, e daí mais uma vez eu fiz tudo errado.Ou será que eu tive medo e usei a minha raiva como mais uma desculpa? Justamente eu, que me considero uma feminista, livre e tenho tantas atitudes machistas. E eu não consigo sequer demonstrar meus sentimentos. E, você, machista, às vezes, parece ser mais forte que eu. 
O quase existe. E o quase é nada. Ou é ou não é. E eu sou uma “quase feminista”. Eu defendo um ideal de liberdade, de fazer o que quero sem dar qualquer importância ao Outro, mas eu tenho medo (Feminismo além de igualdade não é liberdade também?). E eu sou covarde (comodista, talvez). E eu finjo. Sou uma fingidora, como diz a letra da música que dá título ao desabafo. 
O amor é unilateral. O AMOR É MEU E NÃO DEPENDE DE NINGUÉM. Não requer ser correspondido. Você ama e ponto. Você quer o bem do outro significante. E você é legal com ele. Você faz sem esperar algo em troca. Você é legal e ponto, justamente porque você ama. E fim. Não que eu deseje o seu mal, muito pelo contrário. Nunca quis. E minha maior qualidade talvez seja essa: não ter ódio de ninguém. Eu esqueço e ponto. 
Mas eu simplesmente não consigo ser legal com você. Eu não sei ser eu mesma com você. Maldita pedestáltica! Eu deveria ser eu, carinhosa como eu sou com meus amigos, como eu fui com todos os que estiveram comigo. Mas eu sofro de um bloqueio gigante. Eu escorrego. Eu finjo. Eu não sou forte. E eu gosto de você. E eu tive uma epifania recentemente. E eu ando angustiada. Porque eu descobri isso tudo e não consigo sair do lugar, eu não consigo me expressar e quando o faço, eu faço tudo errado, tudo desconexo. E eu queria poder te falar isso tudo. Na sua cara assim e ponto. Só pra deixar isso tudo embora e respirar aliviada. Como tudo um dia vai... 

E isso aqui resume tudo ó: 


"Eu não sei pra que lado mais eu vou
Tento tanto mas tão tonto perco o tempo e a direção
Percorrendo, assim, eu vou
Persistentemente em frente eu tento insistir em ir
Eu sou um otário! angustiado!
A minha meta é vaga, infelizmente não dão vaga para quem vive só sonhando!"

Ps.: Tudo foi escrito ao som do Fingidor, que eu já perdi as contas de quantas vezes eu escutei hoje.